um jantar quase fortuito
e perfeito. um vinho libertador
e as formas ainda escondidas
em roupas casuais, e sálvia...
(quem puder!)

a névoa da noite atravessa-nos
o corpo de cores impossíveis e
borbulhantes; rasga-nos a simbiose
que faltava dos corpos sedentos;
e talvez um rumor surgisse, porém
pouco claro e algo confuso; e talvez
tenhamos sido predestinados para
resumir tudo nessa noite que ainda ecoa.

há um bar algo eufórico.

há cafeína que se ingere.

há ainda o álccol por cima
de outro tanto.

há o "sono" de alguém que é
também o nosso "sono"...

...e um voltar lento e agarrado
ao sítio onde tudo se formou
num jogo tranquilo.

o quarto é-nos estranho
mas é como se tivesse
alguma coisa já nossa.
e os corpos incendiaram-se
nas curvas um do outro,
e rimos até o dia se prolongar
num sol fora de época
e café solúvel.

dizes: "só para dizer que me lembrei
do teu corpo encaixado em mim" (...)
"afasta amarguras quotidianas"

digo: essa imagem
também me invade.
é o redondo dos corpos
encaixados e livres.
é a noite que é também dia
e se arrasta sem pressa.
é a viagem e o adeus.
o
beijo
tatuado
na
pele

na imensidão e pequenez
de um mundo uníssono,
havemos de chegar e partir
num outro comboio colorido,
que contraste com o cinzento
histórico das estações antigas.